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Um Festival do Rio não aproveitado: as aventuras de ver um filme muito ruim


Não sei se ainda posso dizer que sou cinéfila, estou no meio de uma crise "existencial" com o cinema. As mudanças, a falta de tempo, as viagens... tudo isto está tirando substancialmente o tempo que dedico a assistir filmes, ler sobre a sétima arte, conversar sobre os rumos das telas. Pode parecer frescura - e provavelmente é -, mas é assim que me sinto.

Um dos símbolos da minha falta de atenção com a efervescência da minha área favorita no mundo das artes foi minha quase total ausência de qualquer coisa ligada ao Festival do Rio, além do longo tempo sem postar no blog. A falta de envolvimento chegou a tal ponto, que confundi o resultado do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro com o do Festival, em uma leitura rasa.

Mas enfim, este não é um texto-penitência, escrevo para contar a experiência de assistir um filme que entrou para o TOP-10 dos piores que já vi na vida. Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, de vez em quando, gosto de entrar em uma sala de cinema sem ter todas as informações sobre o que vou assistir, meio que às cegas. E foi o que aconteceu no caso do único filme que consegui ver do Fest-Rio: "Los Chidos".

Uma das cenas de confusão, gritaria, música alta e nenhum sentido de "Los Chidos"
Saí da sala do Estação Botafogo sem saber o que pensar. Mas insisto que mesmo as experiências ruins - e até as péssimas - carregam um grande aprendizado que, em alguns casos, precisamos de um segundo olhar, mais acurado, para assimilar. "Los Chidos" é uma película que aborda a vida de uma família de Guadalajara que "administra" uma borracharia, mas que prefere passar o tempo comendo tacos e vendo televisão.

Uma crítica em espanhol da Associated Press, que entrevistou o diretor da obra Omar Rodríguez López, ressaltou alguns pontos nos quais vi muitas semelhanças com os intentos de muitos diretores de cinema Brasileiros.

O filme é uma pretensa crítica ao machismo, à homofobia e à violência contra as mulheres da sociedade latina. Abusando de piadas de humor para lá de duvidoso e uma narrativa esquizofrênica e barulhenta, o lance é chocar, o tempo inteiro. Na parte do "a realidade é suja e nojenta, então quero jogar isto na sua cara da forma mais repulsiva possível", eu lembrei vivamente de tudo que já assisti do diretor brasileiro Cláudio Assis.

Mais especificamente, esta "ousadia" para lidar com temas considerados tabus da sociedade, me lembrou o filme (que acho desprezível, particularmente) "Baixio das bestas". O filme de López é uma comédia e, realmente, houve muitas risadas durante a exibição, só que a maioria delas era de nervoso... Até cena de coprofilia (só o Google salva) rolou.

Minha opinião é a seguinte: a crítica pode se tornar um véu que justifique um filme grosseiro e, muitas vezes, de qualidade ruim. O pseudo trash estilizado - caso do filme mexicano em questão - pode ser simplesmente uma obra de mau gosto. A questão de "tocar na ferida" de temas caros à sociedade nem sempre produz um filme atraente, interessante.

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