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Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados)

Um bom Kubrick, mas não o mais inspirado.

Palpitante como o som de piano que martela por cada seqüência, “De olhos Bem Fechados” não deixa dúvidas de que se trata de uma legítima Kubrick Production.

Toda a narrativa tem um ritmo bem marcado. Os silêncios se dão nas horas certas – o primeiro que ouvi discutir esse conceito, brilhantemente, foi o diretor Eduardo Coutinho (Jogo de Cena e Edifício Master). As locações são bastante interessantes e a trilha sonora é demais, muito boa mesmo.

Talvez, à primeira vista, o longo filme – com 2 horas e 40 minutos de duração – pareça um emaranhado envolvendo nudez, bastante nudez, e um complexo jogo psicológico/sensual. À segunda vista isso pode se confirmar, tudo depende de como olhamos a sucessão elaborada de acontecimentos. Existe uma série de associações que podem atribuir um tom quase moralizante a toda a história. A metáfora da máscara é uma delas, quando agregamos ao significado da peça, a frágil relação – que parece plasticamente perfeita a princípio – entre o casal central da história; notamos que os dois, por hábito adquirido no cotidiano, procuram dissimular suas fraquezas através de um comportamento quase burocrático. Ou quando pensamos na artificial relação entre “Bill” e o restante das personagens.

Confuso? Sim, o filme é psicologicamente confuso – ouso dizer que há um quê de assustador nas construções do diretor de Laranja Mecânica, onde sentimentos reais se misturam com alucinações - representativas de desejos quase doentios. Certo momento Harford (Cruise) declara: “Nenhum sonho nunca é apenas um sonho”.

Como é habitual nas películas dirigidas por Stanley Kubrick, “De Olhos Bem Fechados” é um filme perturbador, tenso e mexe com valores ocultos. Quase uma sessão de psicanálise. Nele consegue-se extrair o que há de melhor nas atuações, por conta dessa tensão subjetiva; no entanto, o que há de pior se torna igualmente notável. Nicole Kidman (Alice Harford) é simplesmente ótima. Enquanto ela está em cena, esquecemos os vícios do enredo; salientam-se os acertos. Tom Cruise (Willian Harford) é... é... apenas Tom Cruise. Sua desenvoltura é mais satisfatória nos momentos em que ele é um galanteador descompromissado; quando a densidade da cena exigiria mais do que isso existe uma grande lista de outros atores que teriam melhor desempenho. Sua expressão de desespero em momentos cruciais não convence. Seu sorriso simpático sempre parece forçado. É um protagonista desinteressante.

A mistura entre a superficialidade das questões diárias e a profundidade dos sentimentos dá a matiz interessante da película. Nos defrontamos com um final extremamente lacunoso, sem tanto brilho... mas ainda assim, Kubrick novamente merece aplausos.

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1 comentários:

Unknown disse...

Eu adorei os comentários do filme de olhos bem fechados as discrições da ações dos personagens principais do filme estão bem verossímeis em detalhes sobre a historia do filme e gostei dos estudo das ações psicológicas dos personagens e do simbologismo da mascara na historia.